Seu Guerra é um fazendeiro que se diz de paz, apesar do nome.
De paz, mas mata os trabalhadores de fome.
Seu Guerra diz que ama a sua terra,
Mas as suas serras derrubam sonhos, esperanças,
Árvores e desejos de mudanças.
Nas terras de seu Guerra não se cultiva flores.
A terra de seu Guerra é para os pés de senhores
Que se banham de perfumes para mascarar odores.
Ela é o corpo de um escravo cravado pelo lucro
Que não cava o chão, mas pega os frutos.
A terra de seu Guerra é a serra, é o corpo e é o ouro
Que da massa tira o couro.
A terra de seu Guerra
É uma guerra embutida na paz,
É um faz de conta que faz,
É uma conta que não conta nada mais
Além do que interessa ao contador,
É um rio que afoga o nadador,
É a frente que fica para trás pisoteada pelos animais
Que não precisam nadar
Porque nada falta aonde o bando chegar.
Nas terras de seu Guerra há vidas e vidas.
Os que moram fora da avenida,
Nem sequer são peixes menores, são nelores
A serem tangidos conforme o querer
De quem dita como e onde o vivente vai viver.
Nas terras de seu Guerra o bezerro berra e a mãe não vê.