Poemas : 

38-HISTÓRIAS DE MEU AVÔ RAIZ

 

Meu avô me contando sobre o cursinho de pré-vestibular que fez, falou sobre um amigo feito ali. Ele disse que viu um aluno entrando pela janela, pensou que a porta do curso estivesse fechada, mas não, completamente aberta... Todo dia era assim. Logo meu avô procurou fazer amizade com ele, era aquela coisa, maluco era com o meu avô... Ficaram tão amigos que no fim daquele ano o Alex convidou meu avô para uma viagem de carona para a Bahia, convite logo aceito. O amigo tinha mais experiência neste tipo de viagem, para o meu avô seria a primeira. Nesta viagem teve de tudo. Na primeira noite, quando se preparavam para dormir, na estação de trem de Tombos, em Minas Gerais, foram surpreendidos pelos homens da lei, que acharam estranho aqueles dois cabeludos querendo dormir no chão da estação.Apresentaram os documentos e foram liberados. Devem ter pensado, malucos vindo do Rio...Foram diversas noites dormindo de qualquer jeito, até chegarem em Salvador. No caminho arrumaram duas colegas que estavam na mesma aventura, a noite descolaram o pouso numa casa abandonada, na hora de dormir uma das amigas quis pegar meu avô, segundo ele foi a primeira vez na vida que rejeitou aquele tipo de assedio, disse que a menina tinha um suvacol de matar, ele imaginou que lá embaixo a coisa estava matando até Urubu. Pediu desculpas, mas não aceitou o assédio. Parece que o Alex, também, fugiu da raia. Os dois apesar de viajar de carona tomavam banho em riachos encontrados nos caminhos, mas aquelas meninas, segundo meu avô não deviam ver um banho há semanas. As meninas desgrudaram e seguiram seu caminho. Nos dias seguintes dormiram as margens da Lagoa do Abaeté, e em outros lugares estranhos. Chegaram,finalmente, em Arembepe, que era um lugar muito procurado por este tipo de viajante, ficaram uns dias por lá, se alimentando só de coco. Dormiram num casebre abandonado na beira da praia. Retornando a Salvador, arrumaram um amigo que morava numa favelinha perto de Itapoã que os convidou para pousar na casa dele. Convite prontamente aceito. Estava no período de carnaval, imagina esses dois malucos no carnaval da Bahia! Arrumaram outras namoradas, agora mais limpinhas... Acabaram curtindo as praias, nem viram direito o Carnaval de Salvador. Na volta vieram na carroceria de um caminhão, cheio de lenha; o doido do motorista se via alguém na estrada pedindo carona, mandava subir. A carroceria veio com uns 10 doidos, agarrados nas toras de madeira, torcendo para que a carga não desabasse na estrada. O Alex trouxe para o Rio, uma peruana, que era a menina que ficou com ele, lá em Itapoã. A carona, deixou a turma quase no Rio. Eu só imagino o vidão que esses malucos tinham! Meu avô me contou que essa semana, reencontrou esse amigo numa noite de autógrafos. O Alex estava lançando um livro. Há 50 anos que não se viam. Amizades de doidos duram para sempre.

 
Autor
Frederico Rego Jr
 
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