Poemas : 

Nunca serei poeta.

 
Nunca serei poeta.
Eles têm a luz por eles. Eu tenho a noite
e as trevas, e a morte. Rondando em cada esquina.
Os santos e os anjos e as musas protegem-nos e ajudam-nos, mesmo quando acham que estão sós.
Eu tenho o nada e o nada do meu lado.
E o vácuo e o abismo que me olha quando o olho.
E quando não o olho.
Eu tenho-me a mim. Eu tenho ninguém. Eu sou só com a multidão.
Caeiro tem Cesário. Eugénio, Pessanha.
Eu tenho-os a todos. E a ninguém.
Só? Ninguém está só quando se tem.
Agora, deixem-me!
Não vou com as aves. Quero a paz e o silêncio das grandes árvores que crescem vadias, exangues e sós.
E das ervas. Daninhas ou não.
Que maçada!
O resto é um gato dentro duma caixa…

Filipa de Taveirós

 
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filipadetaveiros
 
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