No teu rosto começa a madrugada,
devagarinho, sorrateira, vem.
Despida e em silêncio enamorada,
stórias d’amor contando, ó meu bem.
E quando se abre a lua ao meu sol,
e somos faces de uma só moeda,
freme-me o corpo ao sentir teu crisol,
cessam-me as penas nessa tarde leda.
Sempre que à noitinha p’ra casa vais
me sinto logo nua sem teu calor,
triste de mágoas e de ansiedade;
sei bem, p’la dor que vem com nossos ais,
que somos nós uma campina em flor;
do coração, cresce-nos a saudade!
Filipa de Taveirós