A OVELHA NEGRA
Cuidado com a ovelha negra! Com a mosca na sopa! Com a pedra no sapato! Quem nunca ouviu estas frases ditas sempre por pessoas mais velhas, supostamente mais esclarecidas? É um lugar comum em nossas vidas: esse menino é a perdição do grupo, essa menina só tem idéias malucas, desde que esse diretor chegou à escola ela nunca mais foi a mesma! É muito difícil para o homem aceitar o diferente, nós queremos o mundo do jeito que o vemos e o entendemos, as mudanças causam transtornos em nossa mente, em conseqüência em nossas vidas. Nada mais normal do que questionar o diferente, as mudanças, o aparente transtorno. No entanto, não existe nada mais errado do que aceitar essa sabedoria enganosa e preguiçosa. A vida só evoluiu em nosso planeta através das pequenas mudanças, mutações, que ocorrem no genótipo dos seres vivos, o que permite que a vida se adapte às alterações de ambiente. Sem essas pequenas rebeldias moleculares, sem a ação dessas “ovelhas negras” celulares, talvez não passássemos de pequenas, insignificantes e esquizofrênicas bactérias! Com a nossa civilização não aconteceu nada diferente, quantas não foram às ovelhas negras enforcadas, queimadas, trucidadas por acreditar em coisas que ninguém acreditava, ou por ver coisas que ninguém via. Jesus Cristo, Tiradentes, foram típicas moscas na sopa de romanos e portugueses. Com o passar do tempo o que acreditavam e o que viam esses desafortunados e injustiçados, passa a ser o que todos acreditam e vêem. Não é raro um cientista ser questionado e às vezes injuriado por seus pares mais graduados e mais cheios de verdades, por trazer à tona alguma descoberta que questiona o conhecimento aceito, até então. E com o passar do tempo ver a sua descoberta, aberrante, ser incorporada ao arsenal do saber humano pelos colegas que antes o injuriavam. Também não é difícil encontrarmos exemplos de filhos que acharam caminhos diferentes daqueles escolhidos por seus pais e que depois deram graças a Deus por terem sido um moscão na sopa dos pais, já que foram mais felizes que os próprios pais em suas escolhas.
Portanto não amesquinhe a sua existência e a dos outros com seus preconceitos religiosos, científicos, ou de qualquer outra natureza, com sua vontade de que tudo deve ser como sempre foi, com a visão distorcida do que a vida precisa pra seguir sendo vivida. E lembre-se você não é uma ameba! Talvez não seja por vontade própria, mas não é!