Poemas : 

cerco a nascente

 
despeço-me
como quem caminha
à linha da costa e se reconhece
no cordão do horizonte
tão preso à distância

a este nascer ausente
de corpos docemente despidos
despojados à espuma
ambos alheados
na beleza do seu abandono

às cartas que destinaram
cada gota
a cada eternidade

feita de um dia

cerco-te
na retirada desta muralha
aberta à luz e às rochas
transparentes e frágeis
como uma fuga

que a partitura deixou de lado
improvisando de súbito
quedas e amanheceres
pois se é a carne
a traduzir a alma

fica nada por dizer
na circunferência que amanhã
poderemos vir a ser

e principia

 
Autor
Benjamin Pó
 
Texto
Data
Leituras
47
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
24 pontos
2
3
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Egéria
Publicado: 07/07/2024 13:33  Atualizado: 07/07/2024 13:33
Usuário desde: 28/09/2009
Localidade:
Mensagens: 932
 Re: cerco a nascente
Olá, adorei.
Abraço

Enviado por Tópico
Beatrix
Publicado: 07/07/2024 13:59  Atualizado: 07/07/2024 13:59
Super Participativo
Usuário desde: 23/05/2024
Localidade:
Mensagens: 148
Online!
 Re: cerco a nascente / Benjamin Pó
-
Olá, Benjamin.

Muito rico e intrigante este seu poema. Como sempre, mais ou menos cifrado, mas com muito para explorar

Bom domingo.

Beatrix