Poemas : 

Cruzo-me com cidades a ficarem para trás

 

Sonhava-me vida

e semente

daquilo que queria ser para sempre

a germinar em mim.


Talvez tenha esquecido os verbos

a conjugarem visões do futuro

ou a tinta me tenha secado nos dedos.


Abro o dicionário das sombras esguias

a projetarem a estrada


sem pés que calquem o pó

ou pontes de fogo que irradiem

dos oceanos.


Cruzo-me com cidades a ficarem para trás

esqueço a rota das aves

que viajam com a geografia do vento.


De que cores pinto os dias

que pingam dos céus?


O tempo esqueceu as campainhas noturnas

onde se abriam paisagens

em que a vida me bastava:

esta que me atravessa

e me é distância.




 
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idália
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 05/07/2024 08:49  Atualizado: 05/07/2024 08:49
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 Re: Cruzo-me com cidades a ficarem para trás
Há pretéritos imperfeitos.
O primeiro verbo tem uma conjugação que admiro.
O pretérito perfeito e o presente perfeito têm essa irritação:
a perfeição.

Olhar para estrada de maneiras diferentes ao longo da mesma, é no mínimo, maturidade, ou pelo menos inteligência.

Acho os teus poemas sempre muito inteligentes.

Abraço