Prisioneiro dos teus olhos
Sem ninguém pra me salvar
Naufraguei no oceano
Bem no fundo deste olhar.
Minha frágil embarcação
Não seguia a linha mestra
Foi em águas tão profundas
Que pousei meu coração.
E sem sol faz tanto frio
Tanto frio em noite escura
Morto naquela fundura
Infeliz daquele rio.
Vendo a morte que aproxima
Vejo um corvo nos umbrais
Repetido um "never more"
Repetindo um "nunca mais".
Lembro Laura em Negromonte
Monte Alverne em oratória
Dois sóis no olhar de Anarda
De Vieira os mil Sermões
E recordo Castro Alves,
Casimiro de Abreu
Recordo do suicídio
De Pompéia, do "Ateneu".
Quem me dera eu tivesse
Um mastro que me amarrasse
Cera para os meus ouvidos
Para que eu jamais penasse!
Eu não juro e não quero
Solidão acompanhada
Ou amor de invernada
Tampouco de primavera.
Parto triste e parto forte
Despedida desta vida
Já me é risonha a morte
No momento da partida.
Voa corvo de Alan!
Me recolha, por favor!
Só não leve minha paz
Que deixei ao meu amor!
Se existisse um deus Tupã
Pediria aos meus iguais
Que eu entrasse em Nirvana...
E não voltasse nunca mais!
Gyl Ferrys