Poemas : 

O Esquecimento Segundo o Beça (16ª Poesia de um Canalha)

 
Mentiria se dissesse que ontem nada mais seria
E que depois cada passo dado não voltava atrás
Como outra palavra tida ao contrário, antónima
Que o amanhã me lembrou de esquecer um dia
Um céu cinzento no Verão de horas boas e más
E que este desamparo é de uma alma anónima

Diria o tempo que as ruas são todas elas iguais
Com pontuação pausada por sonhos ou desejos
Calcetadas na exclamação destas vírgulas órfãs
Que trazes num céu de boca de rimas desiguais
E aqui chora por ti entre tantas aspas os beijos
Ditas de sorte ou morte as tuas juras agora vãs


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 02/07/2024 10:10  Atualizado: 02/07/2024 10:12
Usuário desde: 06/11/2007
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Mensagens: 2054
 Re: O Esquecimento Segundo o Beça (16ª Poesia de um Canalha)
Esquece isso...

Contudo, é o não esquecer que é como a poesia uma faca de dois gumes, e afiados.
Não nos esquecermos daquilo que nos fizeram que nos fez mal, ou dos erros que cometemos para os não voltar a repetir.
Portanto não esquecer tem um lado significativamente positivo.
O outro gume é parecido.
Não esquecer, é uma oposição ao esquecimento, claro, e ao perdão.
Essa oposição ao perdão foi o que me trouxe a um poema (que tive um orgulho enorme a que este que comento fosse comentário, ou, sei lá, inspiração).
Será que o perdão é assim tão certo e definitivo?
Tenho dúvidas.
Quando é a doer, o que foi perdoado volta a lume, e volta a ser usado, quer seja para proteção, ou para agressão.

Para os devidos efeitos, o de perdoar é menos eficaz do que o esquecer.
Excepto a amnésia, ou a memória selectiva, ou os simples lapsos.
Mas os Homens têm memória.
Perdoam por defeito, ou para compensar.
Melhor seria mesmo esquecer. Apagar o que aconteceu.
Para isso seria necessário um milagre, se eles existissem.


Abraço