Poemas : 

mendigo dA CARNE

 
digo do arrepio
digo do ardor
sem frio
sem calor

digo do sofrer a bom sofrer
digo do ar que pega lume
sem doer
sem queixume

digo do sol e das estrelas
digo dos buracos escuros
sem vê-las
tão impuros

digo do bater das ondas
digo da maré
sem formas redondas
sem pé

digo dos dias e das horas
digo dos lugares
sem agoras
sem pares

digo do duro feito macio
digo do céu ao inferno
sem arrepio
sem caderno

digo tudo e nada digo.



Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
Texto
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252
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Enviado por Tópico
Beatrix
Publicado: 07/07/2024 06:39  Atualizado: 07/07/2024 06:39
Da casa!
Usuário desde: 23/05/2024
Localidade:
Mensagens: 337
 Re: mendigo dA CARNE/ Rogério Beça
-

Olá, Rogério.

Como se comenta um poema deste calibre? Com esta qualidade?
De excelência, Poeta!
Parabéns!

Boa semana!
Beatrix

Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 08/07/2024 00:15  Atualizado: 08/07/2024 00:15
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: mendigo dA CARNE
Esse caderno para mim é precioso. Bjs

Enviado por Tópico
MarySSantos
Publicado: 08/07/2024 00:34  Atualizado: 08/07/2024 00:34
Usuário desde: 06/06/2012
Localidade: Macapá/Amapá - Brasil
Mensagens: 5848
 Re: mendigo dA CARNE
digo da mesa
servida de iguarias
para serem consumidas com requinte...

posso comer com
às mãos?


Bj

Mary