Poemas : 

mendigo dA CARNE

 
digo do arrepio
digo do ardor
sem frio
sem calor

digo do sofrer a bom sofrer
digo do ar que pega lume
sem doer
sem queixume

digo do sol e das estrelas
digo dos buracos escuros
sem vê-las
tão impuros

digo do bater das ondas
digo da maré
sem formas redondas
sem pé

digo dos dias e das horas
digo dos lugares
sem agoras
sem pares

digo do duro feito macio
digo do céu ao inferno
sem arrepio
sem caderno

digo tudo e nada digo.



Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

 
Autor
Rogério Beça
 
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