O sol entorpecido fala uma língua estranha
Alguns não o pode suportar dessa forma
Tapam os ouvidos com tapa olhos encardidos
Mas isso não é uma informação nova
Foi passada para gerações neolíticas
E escondidas nas cavernas que se escondiam
Esquecidas nas manhãs gélidas do tempo.
Já passou da hora de dizer algumas verdades
De revelar o emaranhado de almas sorvidas
Coisas que não se pode escutar
Quando se está envolto em articulações secretas
Mas são escravos da mentira e do vento
Nos horários das visitas abaixam os olhares
Para não revelarem os seus sujos segredos.
Em algum lugar escondido estão os tolos
Deuses rodopiantes em universos efêmeros
Acreditando na inocência de hipócritas infiéis
Túmulos caiados por fora cheio de ossos podres
Que exalam suas imundícies o tempo todo
Despertando o voo das aves de rapinas no horizonte
Ratoeiras que não funcionam nunca
Porque os ratos são mais espertos sempre.
Quase todo dia quero ouvir uma sinfonia à Ulisses
Uma canção aos homens que venceram suas lutas
E não se esconderam debaixo das saias de suas mães
Mas onde estão todos esses tolos enfurecidos
Que não podem nem mesmo erguerem suas taças de vinhos?
Mortos em seus desejos abstratos fulgurantes
Cavalgam os distantes campos do desconhecido.
Maléficas vigílias são feitas em algum lugar
Virgílio procura agradar os seus seguidores
Que são corrompidos por Dionísio e se esquecem
A maioria das tristes crianças pelo caminho
Um pequeno circo de horrores então as levam
Para um destino que não pode ser descrito em palavras
E que ninguém pode, na verdade, sentir de fato.
Carregados para os círculos mais profundos
Os inocentes são desterrados de seus sonhos
Mortos pelas esquinas mortas das megacidades
Que insistem em produzir seus assassinos e estupradores
Causando estranhos calafrios nos transeuntes
Quando suas ruas são tomadas pela tosse pigarrenta
Das gargantas que não podem mais serem cortadas.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense