Eu, poema, me confesso ignorante perante vós
Mera forma de estar na vida, ser mais um igual
E pedra deste caminho que vos trago traiçoeiro
Uma metáfora apenas que se diluía nua na voz
Que de mão em mão foi um dia pecado original
E preconceito posto à margem pelo povo rafeiro
Sou cravo da tua liberdade, escravo da saudade
Algemado à vergasta destas tuas letras sinistras
Que se marcam no pensamento e calam o vento
Um andar que se exagerava por não ser vontade
Soletrava as ideias numa harmonia de orquestra
E, silente, chorava-te por aí qualquer sentimento
Nasci de outro amor que assim morreu de mim
Fui flor e rio que me correu sossegado no olhar
Que te espalhava sorrisos inquietos nesse peito
Adormecido em aventuras impensáveis sem fim
Lá no fundo já não restava nada depois do mar
Nada menos que um outro pôr do sol imperfeito
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma