![A desilusão](https://64.media.tumblr.com/bbd770942fb2ac4c274e6753e4dca9ae/2b9f45af2a60a1ad-aa/s1280x1920/f271cb21b823b2b8aa2c0413d06b7f852ef5ea86.gifv)
Era sempre no verão que a desilusão vinha mais cedo. Com dias intempestivos, vestidos de roupas desprezadas e desprezíveis. O ar pesava mais que a solidão perdida nas pedras da calçada. E soltavam-se aves que as casas tinham prendido desde há muito tempo. Éramos filhos das mesmas noites soltas, que esperavam vez para entrar em livros que ainda estavam por escrever.
E o calor resolvia os problemas com soluções provisórias. As pessoas percebiam isso, e olhavam-se desconfiadas. A desilusão passeava entre elas, deixando marcas que se agarravam à pele sem que a dor fosse para ali chamada.
O Verão ia passando, deslizando lentamente, e com isso regressavam as conversas possíveis. O desejo do convívio colorido e preenchido. Os dias ficavam mais pequenos, e a rua afastava as pessoas de si. Para mundos diversos, de cores naturais, outras artificiais, mas que sempre abriam caminho para o cinzentismo do Inverno interminável. Era uma história que se contava sempre da mesma forma, porque o mundo só tinha esta forma de falar de si próprio. Desassombrado, repetitivo, e a convidar as pessoas a histórias que nem elas próprias conheciam...
Ruacuzuaco