Ando descalça pelo mundo, com os olhos nublados,
tropeçando no silêncio em passos que não ressoam.
No umbral em que se entrelaçam luz e sombra,
sem rumo, sem rimas, em meio aos sussurros das palavras mortas,
que contam de trás pra frente, numa língua do avesso,
uma história de penumbra, não do começo,
mas de onde tudo termina.
Na inutilidade das horas, a insignificância dos dias em fuga,
a existência suspensa na esperança que espreita e apavora.
Sentir por todo canto, o encanto, com a alma em queda
na eterna dúvida de um coração ainda vivo.