Poemas : 

Peças sem Espelho

 
Bem vistas as coisas
andamos desmontados
uns noutros

de família a arqui-inimigos
trocados
pagos
vendidos,...

Rios a correr para lagos.

Ainda que nos maquilhemos
ao lavar o rosto
ou com um sorriso
ou com umas lágrimas sinceras

depois saímos à rua, de vento composto.

Damos à língua, à nossa medida,
ouvimos só o que cremos
queremos empatia, um pathos qualquer.

Mas que jeito
um espelho dava (impureza,
Homens a dobrar*),
para nos curar destas tristes figuras...


Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

* Homens a dobrar, conceito já apresentado por Jorge Luís Borges, na obra ficções
 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 28/06/2024 00:45  Atualizado: 28/06/2024 00:45
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 Re: Peças sem Espelho
Fico pensando se o tempo da sua face ao espelho…bjs