Mãe africana, Em teu pano de capulana, Cabem todas as dores do mundo: Dor de nada ter Pra dar Dor do querer ter E nada ter Dor em ver teu nené Dormir sem fuba quente Dor de parto Em tua barriga de fome Dor em ver teu bebé partir Antes do tempo, Partir... Partir pra lá das terras de ninguém. Dor na dor Que não tem cura e no tempo Dura. Mamã africana, Em teu regaço de mãe, Desfilam dores que Um dia, Deus aliviará, E teus rebentos serão frutos De alegria e felicidade, Daí... Jamais correrão lágrimas No silêncio da noite Jamais ouvirás o cochichar Das barrigas de fome Jamais preocuparás Com o querer ter... Terás todo o ter e o querer Ao teu lado, na graça Do Senhor, teu Salvador.