Poemas : 

A Boceta* de Pandora

 
Pandora. Este era o nome de guerra
De uma baiana conhecida como Ester,
Mas, na verdade, se chamada Estela,
Cujo sonho, desde menininha,
Era se tornar uma famosa bailarina.

Porém, se passaram as primaveras
Os sonhos se foram, feito andorinhas;
Se foram as fantasias e as quimeras
E, Estela ,terminou fazendo a “vida”
De bar em bar, de esquina a esquina.

Descobriu que tinha uma “caixinha”,
Um tesouro embutido entre as pernas
Que, se bem trabalhado, nunca se erra.
Continua sendo uma fonte de fartura fidedigna
Para os homens, que também são feras,
Quando necessitam de um pouco de mais de amor
Quando alguém lhes oferecem uns minutos de alegria.

Assim foi com nossa Pandora querida.
Numa labuta danada, vendendo ternura.
Até que um dia se quebrou aquela “caixinha”
E a esperança se perdeu pelos ares, pelo tempo
Como a formosura
Daquela prostituta já antiga..

Pandora, feito uma flor marcescível,
Foi perdendo vigor, perdendo o visgo,
Desbotando a pelúcia, a cor
Se tornando inacessível.

Hoje Pandora não passa de uma mercadoria vencida.
Não há quem queira o acalento oculto entre suas pernas.
Seus sonhos se foram talqualmente como se foram as andorinhas
Como se foram as primaveras
Chegando o inverno no inferno que foi sua vida
Levando as suas esperanças
Carregando os seus sonhos de criança
Quando Pandora sonhava em ser uma honrosa... . Bailarina.






Gyl Ferrys

*substantivo feminino
1.
caixinha redonda, oval ou oblonga, feita de materiais diversos e us. para guardar pequenos objetos.
"uma b. de confeitos"
2.
caixa de rapé.
 
Autor
Gyl
Autor
 
Texto
Data
Leituras
78
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
10 pontos
0
1
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.