Noite noite minha longa e solitária noite
Você me acolheu com seus braços escuros
Nos momentos em que o dia se fez de açoite
Foi você a única que tive como porto seguro
Estava sobre mim quando fiz deste espaço
Deste canto da sala um canteiro de versos
Foram suas estrelas sentadas em meu regaço
Que levaram minhas palavras por rumos diversos
Protegeu meus olhos do brilho falso dos afogados
Tratou das feridas que demoravam para se fechar
Me ensinou que eu não deveria me sentir culpado
Mas estar pronto para enfrentar o dia quando raiar
Noite noite minha cúmplice e solitária madrugada
Hoje já posso colher algumas flores daquele canteiro
Rosas negras símbolo do que me ensinou nesta estrada
Pétalas que escapam da ponta de uma caneta tinteiro
Deus abençoe os que a noite resgata
Carlos Correa