E ali estava ela, assim
Como folha de papel
Por mais poemas que ela contivesse
Estava em branco para mim
Não conseguia adivinhar a pessoa
Pelas suas palavras
Elas estavam escritas, desenhadas, imaginadas
Mas eram ela?
No fundo sim
Ao perto não
Ao perto os olhos eram azuis por entre as nuvens
E os cabelos louros eram de um tempo já passado
Ao perto ela parecia derrotada, destronada
Padecia pela fome, pela fraqueza
E olhando bem de perto, pela tristeza
De estar só ainda que acompanhada
Mas no fundo sim
No fundo ela era rica
Tão jovem, saudável, magnifica
E vista de perfil tinha tantos amigos
Que a premiavam, idolatravam, aplaudiam
Se sentindo personagens da sua escrita
Lá no fundo ela estava longe
Longe de saber no que se tornava
O corpo estava lá
No calor dos abraços
E quando o calor dos abraços esfriava
Ela se virava para outros braços
Ao perto não
Ao perto ela estava cá
E cá não haviam palavras
E cá não haviam amigos
Apenas os olhos azuis por entre as nuvens
E um ou outro cabelo loiro
A desmentiam