Poemas : 

Senzala (10ª Poesia de um Canalha)

 
A pele chorava fundida nas cores da chibata
Rasgada por tão prepotente ódio do capataz
Quase presa a um corpo agrilhoado no muro
O riso intolerante deu voz à mão que a mata
Cicatrizada pelas lágrimas de seu filho rapaz
Ecoadas na parede suja daquele chão impuro

Essa nega fujona foi alguém e também gente
Foi o diabo e igual santa, mãe, mãe e mulher
Foi a vergonha escrava e escrava da vergonha
Nosso espelho onde a negação foi indiferente
Foi o diabo e igual santa, mãe, mãe e mulher
Pecadora nos olhos de uma crença enfadonha

O olhar cego a deixar que tanto amor entre
Na dor apertada do último abraço de um pai
Aquela partiu sem rumo da distante senzala
Embalada na liberdade que trazia no ventre
Sem saber para que mundo este mundo vai
Sem fingir a dor da memória que não se cala


A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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