No jardim onde outrora floresciam sonhos,
Hoje repousa o silêncio das flores murchas.
Teus olhos, que um dia foram faróis em meu mar,
Agora são sombras que me evitam, frias e distantes.
O que restou de nós, senão memórias desbotadas,
Guardadas em cantos escuros da mente?
O toque suave da tua mão, agora um eco,
Perdido no labirinto do tempo, inatingível.
Cada promessa feita, cada riso compartilhado,
Desfez-se como névoa ao amanhecer.
O amor, que julgávamos eterno,
Foi tempestade passageira, deixada para trás.
As estrelas que contemplamos juntos,
Hoje brilham com um brilho doloroso.
Tua ausência pesa como pedra no peito,
E cada suspiro é um lamento pelo que se foi.
Busquei em outros braços, em outros lábios,
A cura para a ferida aberta, o consolo para a alma.
Mas o vazio que deixaste em meu ser
É um abismo que ninguém pode preencher.
Agora, caminho só, na noite silenciosa,
Ruminando os pedaços do que um dia foi.
Aprendo, com cada passo, a aceitar a perda,
A transformar a dor em poesia, a saudade em força.
Que o tempo, senhor das curas, apague as marcas,
E que, um dia, eu possa olhar para trás
E ver que, embora perdido, o amor foi belo
E valeu a pena, mesmo na sua fugacidade.
E assim, entre versos e lágrimas,
Renasço, pouco a pouco, das cinzas do que se foi,
Encontrando em mim mesmo a paz perdida,
Reconstruindo-me, mais forte, mais inteiro.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense