Eu já não sei quem eu sou
E nem o que preciso fazer
Minha mente é confusa
Sinto o peso da solidão
Ninguém fala comigo
E eu sinto a necessidade de falar
Conversar com alguém
Mas não encontro ninguém
Disposto a me ouvir
Porque só há lamentos em mim
Só angústia causada pelo tempo
Pelas incertezas da vida
Minha memória é falha
As vezes nem sei onde estou
E sinto o tempo se esvair
A vida se torna obsoleta
E é exatamente como está no livro sagrado
Os anos passam e não tenho neles contentamento
Eu abro portas para estranhos
Na esperança de que são bons
Mas não existe nada bom
Então sou cerceado
Por aqueles que um dia precisei cercear
Porque não eram capazes
Isso é tão ruim como sentir a ilusão
O medo do que posso causar
As feridas que posso fazer
O meu tempo se foi
E sigo na esperança do apito final
No descanso que me aguarda
Depois da última travessia.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense