Poemas : 

Subestima-me

 
-
dei-te a minha própria saliva, passageiro
um íman retentor de cativa
num cinzeiro
sozinha

sabes lá, nunca fui tua fêmea
alma gémea (cenas, por favor!)
antes escrava, morta à pancada

por outro, alguém que não me dissesse nada

(sei, sei, as rimas, as rimas; e então?
quer dizer, pró-poemas)

mas ouve, o circo não acabou. onde vais assim ligeiro?
vem cá. olha o que te espera. vê

não queres? ah, bom. vens. pensei que já não. não aguentas, não é? coitadinho, vem cá. esse pescoço. adoro. dá-mo. isso. isso. continua. vou só apertar. só um bocadinho.
adoro a tua pele nas minhas mãos. vou
só apertar… e ver
se aprendo
a matar,






Play it again, jack, and then rewind the tape
And then play it again, and again, and again
Until ya mind is locked in


I got that feeling
That bad feeling that you don't know
(Massive Attack)

 
Autor
Beatrix
Autor
 
Texto
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Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 06/06/2024 12:11  Atualizado: 06/06/2024 12:11
Administrador
Usuário desde: 02/10/2021
Localidade:
Mensagens: 588
 Re: Subestima-me p/ Beatrix
.
Muito interessante esta construção de uma personagem semelhante às femmes fatales dos antigos filmes noir.
Até o "play it again" dos RATM faz lembrar o Casablanca :)


Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 06/06/2024 17:02  Atualizado: 06/06/2024 17:02
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3407
 Re: Subestima-me p/ Beatrix
A morte é sempre mais serena quando nasce poema.

(sei, sei, as rimas, as rimas; e então?
quer dizer, pró-poemas)


Devo confessar que a rima é bela quando bem tratada, mas muitos são os poemas belos que não trazem a palavra rimada. Hei-de descobrir o que são pró-poemas... ou se há pós-poemas, agradou-me o (pré)conceito.


Enviado por Tópico
Alpha
Publicado: 07/06/2024 17:23  Atualizado: 07/06/2024 17:23
Membro de honra
Usuário desde: 14/04/2015
Localidade:
Mensagens: 2063
 Re: Subestima-me
Olá, Biatrix.

Subestima-me agora, pensa que não vou além
No silêncio eu cresço, na sombra de seu brilhar
Cada passo em falso me torna mais refém
Da força escondida que me vem libertar!

No âmago da opressão há gritos silenciosos enterrados nas profundezas do ser onde ecoam ecos de dor. Mas sem nunca se deixa acorrentar pela violência ou submissão. A essência humana tem suas defesas, e seus gritos de liberdade!

Ficou apenas uma ínfima gota do que poderia ser dito!

Cordiais saudações

Alpha