Cansei de tudo o que me tapa, de afiançar de graça
A todos e em acta que escondo algo nobre, dispo-me de tudo,
Do que me sujeita e sobra, essencialmente sou quem sou,
Do que visto e realmente me abraça ou cobre em gesso,
Tanto me importa por fora não ser moldável, sou obeso,
Não peçam que oculte onde me rebolo, basta ter sido praça
Pra não mais ser afinado entre colher e faca, ferro e fogo,
Agradar-me fazer de conta como uma criança alegre
É minha a capa que me tapa e não se prende a nada
Aderi à caraça sem o habitual transtorno como um molde
De quem anuncia ser quem é deveras, ilusório falacioso
Anónimo, sorridente e gordo, um autêntico bode obeso,
Oboé pintado de verniz ocre ouro negro argamassa