Poemas : 

Não existo senão por fora,

 
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Não existo senão por fora,
 



Não existo senão por fora,
Por dentro sou um misto sem rosto
De fracas considerações e formas
Que insisto ligar sem cola, desmonto-me,

Soldo-me a quente, tal como o lamento,
Ou uma corrente górdia que liga
De mim até mim, infinita. Pouco sólido,
Infinitamente me desconheço,

Quem sou e não sou agora,
Se o disfarce de dentro pra fora,
Ou um simulacro de muro em Alepo
Digo de mim a mim mesmo, mostro

Ser o que não sou, no que
Tanta gente me olha ,murmura, vê
Ou pensa ver do que não sou ou sou
Senão por fora'gora-hoje,

Inda'gora, embora parecer Beirute
Seja nada, inda que tudo seja fumo,
Sou do que me foi dado, um nicho,
Um ínfima parte do todo-nada, rogo

Um tudo ao sabor da onda larga,
Ou o lastro da minha hipócrita verdade
Na sombra, sinto um nó que ata
O dentro com o fora circuncisado,

Metade metáfora, irrealidade drama,
Outra a metástase gaga com que minto,
Talvez seja ou sou na demora o amante,
A ilusão, o parecer, a chama falsa, a adaga,

O não sendo, a ausência que perpassa
Breve e presa à ideia , se repete flácida
Entre o interior, o lá fora e o nada,
Entre o que sou e o quem de facto

Se rendeu a ele próprio.





Joel Matos (13 Abril de 2024)




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santosjorge
 
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