Eram flores em cabelos pintados
Misturados aos traços de perfil.
Ocultos negros olhos disfarçados
Que fazem ser pequenos os de Henfil*.
O fundo tão perfeito era inverso.
Tiara multicor feita em bandana.
Quem desconhece a arte de uma Vânia
Não sabe dos segredos do Universo.
Laranja as margaridas entrelaçadas.
Trapézio traz na ponta do nariz.
As pintas coloradas por um triz
Representando a força de uma raça.
Estética em estática estrutura.
Delírio fascinante a nós mortais
Riquezas muitas são Minas Gerais
Pois preto é só cor. Negro?... Só Cultura!!!
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*Henrique de Sousa Filho, mais conhecido como Henfil, foi desenhista, jornalista e escritor. Ficou célebre por desenhos com forte teor político-social. Foi embalador de queijos, boy de agência de publicidade e jornalista, até se especializar, no início da década de 1960, em ilustração e produção de histórias em quadrinhos.
O início de sua carreira de cartunista e quadrinista foi na Revista Alterosa, de Belo Horizonte, onde nasceram seus personagens mais famosos, “Os Fradinhos”. Em 1965, começou a fazer caricatura política para o Diário de Minas. Foi um dos grandes representantes da resistência à ditadura e colaborou com o semanário O Pasquim, um dos ícones do combate ao regime militar por meio da sátira e do humor.
Em 1970, lançou a revista Os Fradinhos, com sua marca registrada: um desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros e que retratavam as situações da época. Entre seus personagens mais famosos estão os fradinhos Cumprido e Baixim, a Graúna (que criticava a forma como os políticos tratavam a questão da seca no Nordeste), e Ubaldo, o paranoico (que temia a volta da ditadura, mesmo depois de seu fim). Ao criar personagens típicos brasileiros, foi responsável pela renovação do desenho humorístico nacional, assumindo o projeto de “descolonização”, num momento em que as HQs nacionais tinham seu desenvolvimento sufocado pela distribuição dos quadrinhos norte-americanos pelo mundo inteiro.
Henfil teve uma atuação marcante nos movimentos políticos e sociais do país, lutando contra a ditadura, pela democratização do país, pela anistia aos presos políticos, e pelas Diretas Já.
Era irmão do sociólogo Herbert de Sousa (1935-1997), o Betinho, e do compositor e violonista Francisco Mário (1948-1988). Os três irmãos eram hemofílicos e morreram após contraírem o vírus da aids em transfusões de sangue.
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Gyl Ferrys