Respiro-te, como poeira opiácea,
Entras em mim tão estupefaciente...
A quimera se instala, fico ardente!
Química do teu pó... tanta eficácia!
Consumo-te, voraz, tão dependente,
Viajo no teu perfume e é contumácia
Inalar mais de ti, com mais audácia,
P'ra saciar o desejo tão crescente!
Apuro-te e destilas, no prazer,
Um ópio, imaculado, p'ra eu sorver
E matas toda a sede que me achaca!
Assumo-te cá dentro como vício,
Qualquer dia, sem te ter, só traz suplício,
Em dores que me tolhem na ressaca!