Observo o doce inconformismo
Nos arredores da bicentenária cidade
Entre os seus casarões antigos
Testemunho a agitação noturna
E a simplicidade do existir nos é complexa.
Nas antigas ruínas das lembranças
Percorrem a nostalgia
Das músicas dos anos 80
Quando a vida parecia fazer sentido
Diferentemente da letargia dos dias atuais.
O que se percebe hoje
São vidas arruinadas pelo tempo
Órbitas vazias execrando sangue
Mentes obstruídas pelo lixo eletrônico
De uma sociedade presa nas redes.
Almas aprisionadas em invólucros vazios
Com resquícios de saudades
Presas no tempo que se foi
E nas armadilhas deixadas pelo caminho
Das quais os pés não conseguiram se livrar.
Entre o fracasso dos derrotados
Espero a ressurreição nos campos humanos
Resta ainda um fio de esperança
Quando se pode sonhar o sonho perfeito
E desejar que o amanhã seja mais leve que hoje.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense