Preso estou dentro de mim
Punho atado em terra chã
Sem sudário de Turim
Shiva sem seu Deus Tupã.
Vivo estou recluso sim.
Não suporto mais um grito.
Outro sou. Não me conheço
Opa lá! Quem lá vem vindo?
Quem que queda das alturas?
Não distingo a silhueta
Que mistura na penumbra
Parece uma pomba preta,
Mas com rabo de cometa.
Raia em dia radiante.
Está perto ou equidistante?
Quem que para a ampulheta.
Velozmente vem sem voz.
Vai mudado a atmosfera
Tudo imóvel vendo a queda
De um herói ou de um algoz.
Raia a aurora matutina
Glória, glória ao Deus pagão
Salve a ave, a mãe divina
Que é pai, também irmão.
Sendo a fera vera e culta
Phosphoros prima em teu nome.
Mata a lenda, morre o Homem
Quando em ti coloca a culpa.
Liberdade vem tardia.
As virtudes são crianças.
Sendo portador do dia
Ponho em ti as esperanças.
Quando erguer, Anjo Caído,
Livre a Terra destes homens
Que faz guerra e leva a fome
Que me afasta o Paraíso.
Vou perdendo os grilhões
Que me prendem em terra chã
Sou mais um entre milhões.
Morro, mas mordo a... Maçã!
Gyl Ferrys