Sonetos : 

SEM PÍXEL

 
Tags:  poeta    alma    nada    pixel  
 


Em mim mora um nada que é tudo
Que em tudo é um nada, não se vê...
Eu sinto e mais não vejo do porquê,
Mas ousa a minha pele por sobretudo!

Meus sentidos, bandeja à mercê,
Donde bebe a vida deste mudo;
Do coração, enfim, se faz miúdo
A inquietar as musas que entrevê...

E eu aqui, a carcaça, compassivo,
Acorrentado ao tipo subjectivo,
Sou mero punho assente num papel:

A máquina d'escrita desvairada,
A caneta duma alma destravada,
O teclado de um poeta sem píxel!



17-04-2024


 
Autor
AlexandreCosta
 
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