Hoje acordei de cabeça por baixo do alto das tábuas
Tão fresco que os sovacos sorriam dos desejos
Ao esgar da janela de rosas fugidos triângulos
Em tons de arroz em banho-maria estrábico norte
Lá fora macacos de beiços azuis espantados de sais
Brincam nas nuvens de pedra solteiras de pão
Sedentas de chá de lanternas ao alto pintadas
E no céu os lambrins pairam pianos hipotéticos sós
Imponente o sol vende raios de bicicletas paradas
É luz de candeias anãs a mascar chiclete fugaz
E em terras do baixo plano quente superior enjeitado
Marcha um rio quadrado de sonhos cabeludos
E de fronte das bentas oblíquas de tenras maçãs
Um jardim de sanfonas indigo e lantejoulas martelo
É um éden canelado de sonhos garrafais, vitral
Canário de amores pindéricos em vultos trifásicos
E tu aqui ao meu lado de costas p'rá frente de trás
És rua descalça de arvoredos peludos e sons deitados
Que ouso dizer-te formas redondas subtis ases do nu
E assim demonstrar sentimentos marados de algas sem ar
Amo-te com todas as cascas faladas em áureas ruelas
Tanto que me assoma o cortejo azul de caixa estival
Em investidas de pica-paus de bicos de rodas macias
Que tilintam em marcas cruentas, em amor que te cai!
Amo-te em estados de infinita e dilecta loucura
Que nem eu próprio entendo e alguma vez entenderei
19-03-2024