Solta o canto, pranto que te esvazia,
Na chama onde flutuas sem destino
E perde-te na luz do vespertino
Que é quente, o tom em ti, até ser dia...
Abraça o dorso vivo, clandestino,
Entrega-te, de alma, à primazia
E finca-lhe as veias, de rebeldia,
Até que expluda a noite em desatino!
Soletra-lhe o grito estrelado
Que te dissolve a fúria e desabado
Escava-lhe os lábios em clamor!
Talvez sintas o cru, descompassado,
Talvez queimes a dor, desagregado...
Talvez essa paixão te seja amor!
02-04-2024