Às vezes, confias.
Outras, desconfias.
Às vezes a ânsia de confiar é tal que em vez de desconfiares fortemente de todos os indícios que lá estão e te dizem "Desconfia!", vais confiando e acreditando até bateres com a cabeça na trave de madeira tosca e velha escondida por debaixo do colchão de penas último modelo, tapado com o melhor dos cetins. Daquele escorregadio no desassossego.
Às vezes, desconfias.
Principalmente de quem te diz “Desconfia!”. Negas a evidência que mais sinalizada não pode estar. Como quem não se quer desiludir na expectativa e na fasquia. Alta. Sempre tão alta a fasquia.
Normalmente acordas. Tarde e a más horas, sem saberes que fazer com tudo o que investiste. Tudo o deste. Tudo em que acreditaste. Como se o pior de toda a situação fosse ouvires a vozinha altaneira da tua consciência afirmando sibilante “i told you so”.
Normalmente acordas. E na melhor das situações verificas que tudo não passa de uma terrível dor de cabeça. Daquelas que passam com dois comprimidos seguidos e uma chávena de chá fumegante.
Do mal, o menos.
A única chatice que tens de enfrentar agora é descobrir qual a bendita farmácia de serviço.
Nada mais.