estou preso a este chão que me deu raízes
preso por fora e por dentro
fez-me de pós de terras verdes e férteis
mas cresci tão vermelho de dentro para fora
mas não como nada a esta terra
apenas bebo
bebo o mundo todo
de todo o mundo
e mais além do que o além que nem conheço
tenho tanto, tanto de vermelho, como de azul
esse azul profundo dentro da carne
mas estes olhos, e estes olhos-coração
vêm tantas cores como as tantas que nunca vi
e mesmo que vá muito, muito longe
para além daquilo que sinto e sou
sem raízes nunca conseguiria descaroçar as cores
subtrair gérmenes sumarentos
corpúsculos absorventes de luzes-poema
não fossem elas, talvez nunca conseguisse voltar...
02-05-2024