procurei ser livre, prendendo-me
procurei as grades
duma prisão
de ser veja até ao mais perder a visão
procurei ser livre sem nada dizer,
sem ter opinião, e dar a minha omissão
sem o fazer
ver sensores na televisão de mão, um
preso à minha, cola cuspida
esculpida em estátuas e bustos que não sabem fugir
fui dentro
nem ir fui, porque lá não há movivento
sem memória nem história os meninos de Huambo* já não contam estrelas, são elas que os contam em gostos e desgostos e preferidos e uma amnésia, que é o melhor bem do mundo, mas que, às vezes, faz-nos nos repetir
rezes.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.
Feliz 25 do A família
* "os meninos de Huambo" tem direitos de autor: são uma referência a uma letra de música\poema de Rui Monteiro, numa canção celebrizada por Paulo de Carvalho cujo título tem esse nome.