Quanto menos durmo melhor fico.
A língua fica acesa, o filtro vai com os porcos e a coceira alastra-se à pele dos outros.
O meu amor diz-me que o amor é pura invenção. Eu digo-lhe que não, se falo com ele.
Ou sou eu que lhe digo que não existe, que é fruto da imaginação que alucino quando me fala, quando lhe sinto o tabaco entre as pernas.
Diz o desentendido que é por definir esse dito bendito, maldito, amor.
Se puchar pela cabeça, posso argumentar (adoro palavras caras) que é uma convenção social, um termo, que permite ao nosso ácidodexocirribonucleico, progredir na natureza, da seguinte forma:
Temos de ter uma forma organizada, e estável, de manter a espécie. Não basta apenas procriar, ou foder e parir.
O bebé, se não tiver, no mínimo dos mínimos, idade fértil, não conseguirá manter o tal ácido (já parece uma droga qualquer).
Para conseguir que o recém-nascido sobreviva, a forma mais segura é fazendo aos trios. Quer dizer, não sejam ordinários, um casal e a criança.
Para o casal se manter unido, como fazer?
Uma neandertal a amamentar não pode caçar. Um neandertal que vai caçar não pode ensinar a criança a andar, até a falar. Mais eficaz, no mínimo, um par.
Mais do que isso é complicado, porque esta malta é territorial, enciúma e matam-se uns aos outros, porque trocaram sorrisos, ou mensagens escritas com outros neandertais que também andam à caça.
Depois, em última análise, ou em primeira instância, é disto que pode-se tratar isso do amar.
Tem as mais variadas traduções.
Envolve contacto, uma boa foda, vá.
Envolve cumplicidade que advém da intimidade, que para mim é essencial. Eu sou intimo com as árvores da minha mata.
Amo-as.
Envolve despesas económicas e emocionais. Crédito. Débito.
Envolve dar.
Envolve receber.
Destes dois últimos, é muitos importante saber.
Envolve enciclopédias de desconhecimento e poesia, muita poesia, ou lá o que é essa merda.
Mas é de vida, e de sobrevida, que se fala.
Será tão vital como comer, eliminar e respirar?
O humano, que decida que não quer fazer filhos e usar da desculpa do amor eterno, o que faz com o amor?
Para que o quer?
Há o primado do orgasmo, de que me estava a esquecer, mas hoje em dia há químicos e alquimias, que tratam dessas coisas, haja dinheiro.
Não me leiam.
E por favor, não me comentem!!!!!!!
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.