Prisioneiro de uma herança maldita
Exposta publicamente por racista
Que gritam em altos brados:
- Ei, crioulo de merda!
Alguém até olha com desdém
Enquanto ele continua a vociferar:
- Levanta esse rabo sujo daí!
Como se o mundo pertencesse aos brancos
Grita mais alto dessa vez:
- Larga de ser preguiçoso
Que aqui não é da tua laia!
Quem poderá deitar em sua cama e dormir
Depois de ouvir tantas injúrias?
Ecoa ainda em sua mente
A fala sútil daquela pessoa:
- Tirem esse preto de perto de mim!
E quando vira o rosto para a parede
Ainda consegue ver as correntes
Estão amarradas em seu subconsciente
Os grilhões que prenderam seus ancestrais
Nos ignominiáveis navios negreiros
Que os trouxeram da África.
Até quando deverá carregar essas marcas?
Até quando pode suportar esse desprezo?
Em pleno século vinte e um
É espancado com palavras que ferem
Menosprezado por sua cor de pele
Como se merecesse o castigo divino.
O que vamos fazer a respeito?
Porque o certo é que possamos lutar
Para erradicar do nosso meio
Toda forma de preconceito!
Poema: Odair José, Poeta Cacerense