O mar tomou para si a cor das nuvens
Nos dias de sol.
Cor de leite, cor de dente, cor de paz.
Em paz o mar não deve estar.
Sua branquidão é de tormento.
Suas ondas são revoltas.
O céu, por ventura, também perdeu seu azul.
Tomou para si o cinza dos olhos gris de outrem.
O cinza das cidades, o cinza da fumaça.
O cinza da angústia humana.
O cinza que o homem tomou para si
Como cor, como humor, como regra.
O verde, o amarelo, o vermelho, o azul
E todas as matizes e tons que coloriam
A infância, o circo, a brincadeira e a vida
Onde estão?
Talvez nos arco-íris desbotados que insistem
em aparecer para alegrar os olhos meus.
(Letícia Corrêa – 12/05/08)
Letícia Corrêa