a Tristeza
uma amiga
que veste saias
até à garganta,
mostrando
só,
o olhar calçado
de gotas gordas.
uma amiga
nas horas cheias
de vazios fechados.
segue-nos
tapando os passos
no caminho riscado.
ensina
a vida
a minguar sorrisos
desmaquilhados.
empurra-nos
para debaixo
dos ponteiros
para nos salvar
do tempo gasto.
adormece
os grãos,
no frasco da ampulheta
para termos tempo de desaguar o rosto
nos tejos
sem pressas
para curar feridas.
um dia
essa amiga
será minha esposa
e nunca minha viúva
teremos dois filhos
uma menina chamada Angústia
um menino chamado Arrependimento.
“Acredito que o céu pode ser realidade, mas levarei flores para o pai - Erotides ”