Não sei o que digo, não sei o que faço
Esqueço tudo, não me lembra de nada
Para viver não sei onde está o meu espaço
Ando desorientado isto é uma cegada.
Mesmo com óculos eu vejo muito mal
Vejo animais e faço uma grande confusão,
Vejo uma águia que me parece um pardal
Quando um gato corre julgo que é um leão.
Quando chego a casa, abro a porta do vizinho
O que não é nada bom quando ele lá me vê
Um dia destes, levei com um pé nada levezinho
E ainda hoje pergunto, levei com o pé, porquê?
Como não vou bem fui visitar o meu médico
Encontrei estranho, à porta ele tinha um aquário
Ter os cabelos nos olhos é pouco académico
Entrei no gabinete e o senhor era o veterinário.
Isto vai de mal a pior, deram-me a volta ao miolo
Mas quem? Conheço-o mas nunca sequer o vi
Andava com um cigarro na mão e era um “tarolo”
E até conheço de cor um texto, que nunca eu o li.
A. da fonseca