Poemas : 

O silêncio das árvores

 

Procuro-te
como se não houvesse medos
movo-me
entre ramos debruados por um tempo
que retenho
dentro de um lugar
sem tempo.

Desfaço-me
espiral de cinzas
pedaços que sobraram de um sonho
a arder
numa tela. A memória
a desenhar os rostos
a vida
suspensa
nos lábios do vento.

Caem sombras
a meus pés
desprende-se o grito
a desilusão
por detrás do espelho.

E no vazio que emerge
de um tempo incompleto
olho-me
decifro-te
na solidão do verso
a esmagar o mito.

E o rio a escorregar
exangue
em degraus de mármore
e o céu a ser invisível
a tombar
pôr do sol e mar
sobre o silêncio das árvores.


 
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idália
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Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 31/03/2024 15:31  Atualizado: 31/03/2024 15:31
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 Re: O silêncio das árvores
«Desfaço-me
espiral de cinzas
pedaços que sobraram de um sonho
a arder
numa tela. A memória
a desenhar os rostos
a vida
suspensa
nos lábios do vento.»

Todo o poema é um primor, posso rever-me por inteiro,
tua Poesia voa como abelha feliz, e eu leio-a respirando um embelezado mel.

Boa Páscoa
Abraço-te