Quando eu vejo um piano imagino uma fera
Imponente altivo pronto a ser compreendido
Já vi muitos o tocarem prendem-me o ouvido
Mas aquele que se torna um vai à outra esfera
O pianista traz tristeza em seus olhos solitários
Há muito mais por trás do que ele nos repassa
Como se suas teclas fossem linhas de um diário
A história servida como vinho em sua velha taça
O piano expõe seu exílio um vocabulário de notas
Alcançado por aqueles com uma estreita mutação
Fazendo de sua sensibilidade uma agonia que brota
A cada verso a cada tecla e que luta por sua canção
Não importa se é um recital ou apenas um desabafo
Se existe uma multidão ou quem sabe um salão vazio
Quando pianista e piano se tocam num íntimo abraço
Toda solidão se afasta fica a entrega minutos de alívio
Deus abençoe meu piano de teclas
Carlos Correa