Existem olhares que queimam
Travam uma batalha sensual
Palavras sequer se aproximam
De todo aquele silêncio cortical
Os olhos parecem digitar desejos
Em movimentos firmes sem desvios
Aquele que cede ao duelo ou cortejo
Olhou ao lado ficou apenas por um fio
Existe um código entre os que se olham
Uma duração de cinco a dez segundos
Existe uma cumplicidade nos que se fitam
Ainda que os versos não vivam nesse mundo
Quando dois olhos se tocam placas se agitam
E somos atingidos por tsunamis de hormônios
Que fazem do minuto amantes que se deitam
De um quadro de Van Gogh a derrota do arbítrio
A maioria desses encontros que dilatam a pupila
Permanecem presos e cercados pela íris da razão
Mas quando algum deles cai por entre as papilas
Sabores explodem mil pedaços chamados paixão
Deus abençoe os rios que nascem
Carlos Correa