Meu vô adora contar fatos ocorridos, na primeira república que morou em Seropédica, quando estudava na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Pelo visto era a mais RAIZ de todas. Imaginem, quem fazia comida eram os alunos, não tinha cozinheira e ninguém comia em bandeijão, imaginem os quitutes, meu avô era especialista em macarrão em panela de pressão...Tinham uma horta, de onde saiam as verduras para casa,, ninguém tinha carro , todos faziam questão de ir a aula de bicicleta,tinham 3 cães na casa que espalhavam pulgas a vontade,meu avô contou que ele dormia numa rede ou numa esteira nem sonhava em comprar uma cama, era muito luxo, segundo ele.
Ninguém ia as festas na Rural, e eram muitas. Preferiam reuniões mais intimistas. O único esporte que praticavam era o ciclismo. Era uma república raiz de verdade.
Meu avô conta que quando começou a namorar minha avô, que não era nem um pouco raiz, estranhou muito a república , mas um dia resolveu dar uma força na cozinha, e fez uma dobradinha, que por sinal ficou muito boa, mas o Nelson colocou seu prato, que naquela ocasião era uma tampa de panela, comeu um pouco, mas parece não ter gostado, devolvendo o resto para a panela, minha avô quase infartou com aquilo! Imagina misturar o resto do prato dele , com uma comida feita com tanto carinho! Até hoje ela lembra disso. O pior é que os outros participantes do almoço, nem notaram esse detalhe...Era tanta doideira, que uma a mais uma a menos, não fazia diferença. Meu avô diz que essas bobagens faziam ele gostar mais dali, o que importava, eram os amigos que valiam ouro. Todos do mesmo jeito, todo mundo meio doido. Imaginem ,que o Paulo, um dos doidos, acordava cedo , e ficava orando, pelado com os braços erguidos na janela da sala, imaginem isso todo santo dia. É raiz para ninguém botar defeito...