Meu avô, quando jovem, viajou muito de carona, fala que era muito melhor que viajar de avião... Numa dessas viagens, agora indo para Fortaleza, junto com dois colegas da Universidade Rural, o Nelson e o Carpenter, o caminhão onde estavam viajando, desde Campos dos Goitacazes, os deixou numa cidade do Espírito Santo, próxima da Bahia. Chegaram lá já anoitecendo, e como de costume tinham que arrumar um local para pernoitar. Meu avô ,com suas maluquices, sugeriu vamos na delegacia e fazemos o questionário com o delegado. O questionário era umas perguntas que faziam para autoridades das cidades onde chegavam, perguntas como: qual a principal fonte de renda da cidade, tem hospital, quantas escolas, e por aí vai. O delegado ficou surpreso com a chegada deles, mas foi simpático com a trinca de malucos. Disse que aquele questionário devia ser respondido pelo pessoal da prefeitura, que amanhã eles podiam ir lá. Terminada aquela conversa, meu avô com suas idéias de jerico, perguntou ao delegado , se ele tinha alguma cela vazia , que pudesse ceder para ele e os colegas pernoitarem, já que não tinham onde passar a noite. O delegado assustou com a pergunta. E falou, de jeito nenhum, imagina que vou deixar vocês dormirem numa cela! Encaminhou meu vô é seus amigos para uma pensão, com direito a jantar e o café da manhã, tudo por conta da delegacia. Era o que eles precisavam... Meu avô me confidenciou que aquele questionário e a camisa da Universidade ,que trajavam nas viagens, facilitava muito a vida na hora de conseguir as caronas e os pernoites. Ele suspeitava que as autoridades entrevistadas, suspeitavam que eles eram fiscais federais disfarçados e assim facilitavam as coisas para os três. Meu avô doidão, só podia ter amigos do mesmo naipe.