Os amaldiçoados irão brilhar
Muito mais do que as estrelas da manhã
E aqueles que ainda tem
Os olhos fechados para o mundo
Serão arrancados de seus casulos
Sem dó nem piedade alguma.
Os herdeiros dos tormentos do rock'n roll
Serão expurgados de seus casebres
Como pragas que devoram as lavouras
E nunca mais terão tempo de sobra
Para fazerem suas canções perturbadoras
Que martelam cérebros incapazes.
Os descampados de tanto sofrimento
Aleijados pelo tempo de espera
Serão feitos reféns em salas fechadas
Para que possam pensar sobre suas vidas
E lembrarem onde exatamente erraram
Para que pudessem sofrer amarguras.
Os aventureiros das noites escuras
Que espreitam suas vítimas adormecidas
Terão seus olhos vazados com agulhas
E seus cérebros arrancados com as mãos
Porque não podem mais coexistir
Com os santos que perambulam na cidade.
Os artistas que tentam sobreviver
Que labutam na solidão pela sua arte
Hão de ultrapassar as barreiras invisíveis
Da ignorância humana e ir além
Porque não se pode apagar da memória
As coisas eternas da verdadeira arte.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense