Sentinelas de um tempo passado
Em pé no alto da muralha
Observam o horizonte distante
Sem conseguir ver nas sombras noturnas
Vultos fantasmagóricos a espreita
Esgueirando pelas paredes ocas
Anunciando que em breve virá o fim.
Ninguém consegue ver um palmo a frente do nariz
Ninguém consegue ouvir o som da morte
Alguns dormem o sono profundo
Do qual nunca mais acordará
Porque o destino agora está selado
Nas mãos dos que derramam sangue.
Em algum lugar há um observador
Um sentinela acima daqueles sentinelas
Que aguarda a sua vez de agir
Mas permanece de braços cruzados
Porque sabe que cada um tem o seu próprio destino
A sua própria e solitária jornada.
O tempo passa lentamente para uns
Passa muito depressa para outros
E há os que nem percebem que o tempo existe
Porque estão presos em seus casulos
Criando expectativas que não se realizam
Raízes que não se aprofundam com o tempo.
Então, mais veloz que um raio
As muralhas são atacadas sem receios
Gritos de agonias se podem ouvir ao longe
Vidas que não serão registradas
E muito menos lembradas na História
Simplesmente fazem parte de um amontoado
De corpos espalhados pelo chão.
Vai ver eu estava apenas sonhando
Ou será que mais alguém viu o que vi?
Na longa marcha da humanidade
Nomes foram esquecidos com o tempo
Nomes de pessoas que estavam lá enfrentando o inimigo
Não fazem parte da História oficial
Porque não tiveram o tempo de escrever.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense