QUE A POESIA ME DEIXE TRANQUILO
Hoje, que a poesia me deixe em paz!
Não é que eu a abandone, não, eu volto
Mas hoje é um dia que me apraz
A esquecer como se escreve amor.
Desculpai-me leitores e poetas
Mas as minhas portas estavam abertas
E em minha casa pôde entrar o calor,
O calor do amor, mais precisamente.
Hoje não vou escrever palavras doces
Daquelas que podem embalar corações.
Não, não, hoje decidi de não escrever
Porque tenho comigo os ouvidos
De alguém que me ama e me veio ver.
Chegou esta manhã, era bem cedo
E a esses ouvidos eu vou murmurar
As tais palavras doces que hoje não escrevo.
A. da fonseca