Um estremecer à voz da sentença, num inverno ameno que arrefece e queima as raízes do mal, num sopro vertiginoso entre a força, o equilíbrio e a atitude.
Um estremecer, sim, um estremecer...
Um estremecer em palavras açoitadas como se o veredito fosse uma sentença a ferver a morte no peito, a encolher a vida numa qualquer desesperança, plantada no abismo
de uma dura realidade.
Um estremecer, sim, um estremecer...
E há fôlego na voz dos dias, esperança no respirar a plenos pulmões e uma chuva de atitude a lavar o pranto da alma, a secar as linhas todas do rosto, numa carícia longa.
Um estremecer, sim, um estremecer...
Como as manhãs que sussurram a alva, como um grito amordaçado à nascença, como um sorriso que sempre triunfa, como a saudade que aperta no peito, como a inocência
do primeiro amor.
Um estremecer, sim, um estremecer...
Na bainha da alma adornada por pérolas de sentires profundos, na leveza das mãos que tecem o amor em brandura, no brilho efervescente do olhar em lava incandescente.
Um estremecer, sim, um estremecer de atitude dentro da emoção...
(Alice Vaz de Barros)
Alice Vaz De Barros