Sonetos : 

LATIFÚNDIO

 
Tags:  SONETOS 2024  
 
LATIFÚNDIO

Por privada de gente, a propriedade
Mais s'estende baldia e empobrecida
Do que possa caber a própria vida,
Restando em inventários como herdade.

Desmatada, a capoeira logo invade
Toda a gleba de terra desvalida
Face à especulação mais descabida:
— “E onde é mato será tudo cidade…”

Deixam de ser as grotas e as veredas
D’onde as águas, claríssimas e ledas,
Escorriam preciosas para o açude.

A terra revestida de concreto
É quanto sonha o lucro mais abjeto
Que, todavia, a tantos tanto ilude.

Betim - 05 01 2024


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
Autor
RicardoC
Autor
 
Texto
Data
Leituras
317
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
31 pontos
7
4
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
ZeSilveiraDoBrasil
Publicado: 05/01/2024 14:32  Atualizado: 05/01/2024 14:32
Administrador
Usuário desde: 22/11/2018
Localidade: RIO - Brasil
Mensagens: 2215
 Re: Latifúndio
.
.
.
...eis que o tema do soneto abrange tantos solos por esses brasis, que, deveria seu texto/denúncia ser reproduzido em outdoors e; disseminá-los em alerta máximo.

Grande abraço caRIOca!


Enviado por Tópico
Paulo-Galvão
Publicado: 05/01/2024 18:20  Atualizado: 05/01/2024 18:20
Usuário desde: 12/12/2011
Localidade: Lagos
Mensagens: 1435
 Re: Latifúndio
Olá Ricardo,
Gostei muito do soneto d forte cariz social ambiental.
permite-me adicionar este acrescento:
Pintura

Na sociedade
Da concretização
Concreto
é objeto abjeto,
é o rei da cidade
e civilização
que despreza
a pureza abstrata
e esquece a beleza
que aparta
com tamanha secura
quando comtempla
na moldura,
a natureza
já morta.

Paulo Galvão



Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 06/01/2024 16:21  Atualizado: 06/01/2024 16:21
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3407
 Re: Latifúndio p/ RicardoC
A estupidez humana reserva-nos um futuro incerto, a gleba é daqui para a frente uma ilusão. Estou a imaginar a imensa cidade de Amazonas, sem árvores e sem ar.